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Ultra dos Anjos, 235 km por Egomar Prochnow

Ultra dos Anjos, 235 km por Egomar Prochnow

Olááá! Tudo bem? Hoje o artigo é sobre os 235 km da Ultra dos Anjos Internacional.

E tem a presença ilustre do meu super amigo ultra Egomar.

Não, desta vez, ele está aqui para ir resgatando os últimos colocados da Indomit Bombinhas, mas sim para contar para a gente sobre como foi a experiência dele nos 235 km da Ultramaratona dos Anjos Internacional.

Nem vou me alongar muito porque essa distância é sinistra e temos que começar logo para não ser barrado nos pontos de corte da prova…

Vamos lá então? Com você, Egomar…

Ultra de anjos

“Esse é o título porque ultra maratonistas são seres especiais. 

Sabemos que a corrida é nosso esporte do coração e, sem coração, não tem ultra.

Na verdade, sem coração, sem mente forte e sem muito treino não tem ultra maratonista.

Mais do que nunca essa verdade se dá na UAI – Ultra dos Anjos Internacional – porque é uma das provas mais casca grossa do Brasil e a segunda maior corrida com 235 km para serem cumpridos em 60 horas. 

Um ano antes fui de pacer pra nossa amiga Síria e vi que a organização era muito boa e o circuito excelente. 

Com muito preparo e com boa expectativa, larguei com o intuito de fazer a prova em 48h. 

Todos muito alegres na largada, e com um pouco de frio, largamos da cidade de Passa Quatro-MG e eu em busca do recorde, pois até então cerca de 150 km era meu máximo de rodagem.

Ultramaratona dos Anjos UAI
Um pouco antes de largarmos…

Quilômetros e mais quilômetros da Ultra dos Anjos

A prova se desenrolou muito bem pra mim.

Até o km 95, estava com umas 4 horas adiantado da minha média, mas sabia que teríamos a Serra do Papagaio e que ali iria perder algum tempo. 

Já à noite subi a serra com muita disposição, mesmo que à tarde já tinha me dado febre, mas que não interferiu na minha corrida até aquele momento. 

No meio da Serra tem um ponto de controle onde temos café, água e uma sopa fantástica.

Parei por uns minutos, tomei a sopa e o café e parti, pois não queria perder muito tempo. 

A febre voltou e alguns quilômetros depois o estômago não quis mais a comida: devolvi pra natureza, o que, com certeza, iria me afetar ao longo da prova. 

Continuamos uma subida sem fim, piso com muitas pedras na subida e o frio apertando. 

Em cima do morro, começou a ventar.

Não quis parar para colocar o corta vento, erro, sempre achando que o vento logo iria parar, pois já estava descendo.

Senti bastante frio e, com certeza, me desgastou mais ainda. 

Já amanhecendo e descendo a serra e com mais pedras do que na subida, apareceu o sol em meio à neblina que foi forte…

Logo cheguei ao posto do KM 135, ainda dentro da minha média. 

Parei por cerca de 1h para tomar banho, me alimentar e trocar de roupa.

Saí dali muito disposto e já quase com certeza de que cumpriria meu tempo. 

Logo na primeira subida, torci o tornozelo e fui mancando por uns 2 km.

Pensei que tinha acabado minha corrida, mas a dor logo passou e continuei.

Nesse momento, a Síria me alcançou e fomos juntos caminhando. 

Segunda noite de prova…

A segunda noite chegou e a febre indo e vindo e nem o remédio resolvia.

À noite, o sono me pegou forte. Andava à noite, mais de olhos fechados que abertos, tudo era uma escuridão só. 

O frio apertou muito na segunda noite, coloquei dois casacos e o corta vento e nem assim fiquei sem tremer.

A passos de tartaruga, alcançamos um novo amanhecer e vimos o branco da geada por todos os lados. 

Sofri muito essa noite e, quando faltavam 2 km para o posto do km 204, falei pra Síria que naquele passo não conseguiríamos completar a prova. 

Ultramaratona dos Anjos UAI
Imagem enviada por Egomar… Ele e Siria lá na frente…

Eu e ela saímos a trotar, pois ali não tinham morros, conseguimos adiantar um pouco e, quando chegou aos quatro últimos morros, a Síria continuou a caminhada e eu fiquei pra trás.

Só via minha amiga se distanciando de mim… 

Com sol muito forte, febre e muito, mas muito sono, comecei a ficar sem noção, não conseguia mais visualizar a prova, o caminho, o tempo… 

Faltando uns 7 km, sentei na beira da estrada e desisti, por alguns instantes.

No entanto, veio um anjo, com uma garrafa de água geladíssima que me fez acordar novamente. 

Resolvi que iria terminar a prova, mas sempre cuidando para não faltar água para molhar a cabeça. Consegui chegar à cidade, ali, já sem água, pensei… 

Agora é na raça e no coração… 

Chegando…

Parecia um bêbado andando na rua, um verdadeiro zig zag por uns 2 km dentro da cidade. 

Então vi o céu, o céu dos anjos, a linha de chegada, foi quando me desmanchei em lágrimas.

Não queria chorar, mas a emoção estava aflorando. 

Consegui, completei meu recorde de 235 km em 58 horas, kilometragem para poucos… para ultras de verdade (não querendo desmerecer nenhuma kilometragem de nenhum ultra), e ali meus grandes amigos Siria, Maurício, o Fernando organizador da prova e sua filha a Paola. 

Muito obrigado a todos que me ajudaram na prova a todos da organização, a meus amigos que me patrocinaram para eu poder fazer essa prova, é de todos vocês esse troféu… OBRIGADO”.

Egomar Prochnow


Reflexões finais

Nossa, muito obrigada Egomar por compartilhar com a gente sua experiência nos 235 km da Ultra dos Anjos

Apesar de toda a dificuldade e de todo drama, o importante é que você conseguiu terminar esse super desafio e vencer a sua “quilometragem limite”.

Que venham outras e mais outras experiências assim. PARABÉNS!!!!!!!!

Espero que tenha gostado do relato do Egomar…

Você já se imaginou fazendo 235 km? Tem algum fato ou algo que gostaria de acrescentar sobre a prova?

Então, conte aqui nos comentários!

Com essa reflexão, a gente fica por aqui…

Um super beijo e até a próxima,

Carolina


Quer ver mais artigos sobre a Ultramaratona dos Anjos? Então, acesse:

Para ler mais sobre provas maneiras que amigos correram confira no Eu não fui, mas meu amigo foi

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Aliás, para mais corridas em Passa Quatro, confira:

Além disso, se você quer saber mais sobre a UTMB, não deixe de conferir Ultra Trail du Mont Blanc: informações e curiosidades.

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