Olááá! Tudo bem? Tenho certeza de que se você já correu pela orla do Rio de Janeiro, você já notou as calçadas de pedras portuguesas cheias de mosaicos e desenhos.
Mas não é só na orla que essas calçadas estão presentes e fazem sucesso, além de ajudar a contar a história da cidade.
Então, vamos conhecer um pouco dessa história?

Incrivelmente, o Rio de Janeiro é a cidade do mundo, fora de Portugal, com a maior extensão de calçadas de pedras portuguesas.
São um milhão e duzentos e dezoito mil metros quadrados de calçamento em pedras portuguesas na cidade.
Algumas calçadas são, inclusive, tombadas.

Pedras Portuguesas, um pouco de história
Essa maneira de pavimentar os locais tem origem em Portugal, no começo do século XX.
A inspiração veio dos mosaicos romanos e árabes.
Isso porque a pavimentação, conhecida como calçadas de pedras portuguesas, utiliza mosaicos de calcário em sua estrutura.
A história dessas calçadas começa durante o reinado de Manuel I com o revestimento das ruas de Lisboa.
A ideia de usar pedras nas calçadas surgiu por conta do grande crescimento urbano e da necessidade de higienizar as cidades.
Afinal, as ruas eram de terra e as doenças eram muito frequentes.
Com isso, as calçadas foram evoluindo até que, em 1755 aconteceu um grande terremoto em Lisboa.
Por conta dele, os moradores passaram a montar, nas calçadas, desenhos que simbolizavam boa sorte, como estrelas, na intenção de evitar novos problemas.
A primeira calçada de pedras portuguesas como conhecemos hoje em dia foi feita no entorno do Castelo de São Jorge, em Lisboa.
O Governador de Armas do Castelo, tenente-general Eusébio Pinheiro Furtado, organizou presidiários para fazer esse trabalho em rocha (basalto) negro e a calcita (mineral) branca.
Depois dessa primeira experiência, a arte passou a embelezar toda a cidade.

É claro que os países de língua portuguesa também importaram a ideia.
As calçadas no Brasil
No Brasil, a primeira calçada de pedra portuguesa está em frente ao Teatro Amazonas, em Manaus.
Ela foi finalizada em 1901 e as ondas simbolizam o encontro das águas dos rios Negro e Solimões.
Eu tenho um post em que falo sobre essa calçada.
Se quiser conferir é só ver Teatro Amazonas, uma atração em Manaus.
A inspiração para essa calçada veio do calçamento da Praça D. Pedro IV (Praça do Rossio) em Lisboa.

O desenho chamado de Mar Largo tem duas explicações para seu formato.
Portanto, ele simboliza:
- o encontro do Tejo com o oceano;
- o mar que permitiu a Portugal a glória dos descobrimentos.
Eu prefiro a última explicação, hehehe…
Calçadas de pedras portuguesas no Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, o primeiro local a ter uma calçada de pedras portuguesas foi o Calçadão de Copacabana em 1906.
Inspirado também nas ondas da Praça D. Pedro IV, os mosaicos representam as ondas do mar.
Para fazer a calçada de Copacabana, calcita branca e basalto negro importados de Portugal foram a escolha.
De lá também vieram os calceteiros (profissionais para elaboração e manutenção das calçadas com pedras portuguesas).
Aliás, foram tantas as pedras importadas que, com a sobra, deu para calçar toda a Avenida Rio Branco.
Logo depois da importação, foram descobertas jazidas destas pedras por todo o Brasil, mas ainda as chamamos de pedras portuguesas.
Uma curiosidade é que, no calçadão de Copacabana, as ondas eram perpendiculares ao mar.
Com a reforma da Avenida Atlântica nos anos de 1930, houve a alteração do formato e as ondas ficaram paralelas ao mar.
O que faz muito mais sentido, né?

Na reforma de 1970, Burle Marx manteve a mudança, mas modificou o traço e criou formas também para o canteiro central e para a calçada junto aos edifícios.

As pedras portuguesas nos calçadões das praias tornaram-se uma tradição.
E novos desenhos surgiram.
- Leme e Copacabana: ondas do mar;
- Ipanema e Leblon: ondas estilizadas;
- Praia de São Conrado: ondas do mar;
- Barra da Tijuca, Recreio e Macumba: peixes.
- Ilha de Paquetá: peixes.
Mas, como disse, não é só na praia que as calçadas de pedras portuguesas estão.
Onde encontrar calçadas de pedras portuguesas além das praias?
Na cidade, prevalecem os desenhos gráficos e abstratos. Mas há também os temáticos.

Em Copacabana mesmo, na Rua Rodolfo Dantas, ao lado do Copacabana Palace, existe uma calçada que é tombada.
Ela mistura desenhos florais e geométricos.
Ademais, os desenhos também podem ser observados em Vila Isabel em homenagem a Noel Rosa.
É na Avenida 28 de Setembro que estão as pautas musicais.
Na Cinelândia, estão rolos de filmes (por conta da antiga função da praça) e máscaras (por conta do Teatro Municipal).

Na Rua General Glicério, em Laranjeiras, também há um calçamento de pedras portuguesas bem bacana que leva a assinatura de Burle Marx.
E as pedras estão até em recursos contemporâneos…
Há até uma versão digital dela no QR Code em frente à estátua de Dom João VI, na Praça XV.


Calçadas de pedras portuguesas e as polêmicas
Apesar de muitos amarem a beleza que essas calçadas proporcionam, alguns problemas são gerados por sua má manutenção.
Mulheres de salto fino, pessoas que tropeçam, carrinhos de bebê, e até mesmo cadeiras de rodas, que ficam presos.
Vira e mexe a gente vê um movimento para acabar com todas essas calçadas e implantarem um novo piso.

Além disso, a manutenção é mais compicada.
O problema não é que esse tipo de calçada seja ruim. Muito pelo contrário…
A areia colocada entre as pedras, ajuda, inclusive, a absorver a água e levá-la para o lençol freático.
Na verdade, o peso dos carros estacionados irregularmente sobre as calçadas, os reparos mal feitos e a falta de mão de obra especializada são os maiores problemas que destroem as calçadas de pedras portuguesas.
Running Tour e as calçadas de pedras portuguesas
Este artigo foi inspirado por uma pergunta feita por uma pessoa que viu a foto do running tour Correndo entre o Sagrado e o Profano.
Ela perguntou se as pedras que cobriam o ponto onde estávamos realmente vinham de Portugal para que fossem chamadas de pedras portuguesas.
Nós já respondemos a essa pergunta aqui no post, mas gostaria de fazer um paralelo com as pedras portuguesas e os percursos dos roteiros de running tour da @riorunningtour.
Vamos ao Top 5 dos roteiros com calçadas de pedras portuguesas!
Caso queira saber mais sobre o tour em questão, basta clicar no título da seção (nome do tour) e você será direcionado.
Correndo entre o Sagrado e o Profano
O roteiro que mais passamos por calçadas de pedras portuguesas é o Correndo entre o Sagrado e o Profano.
Já começamos na Cinelândia e as imagens que vemos nas calçadas são rolos de filme e as máscaras por conta do Municipal (já postei uma foto anteriormente, né?).
Até chegarmos ao primeiro ponto de parada, vamos correndo por várias calçadas de pedras portuguesas.

O percurso entre Lapa e Praça Tiradentes também tem uma grande extensão de pedras portuguesas.



Por fim, a Avenida Presidente Vargas também possui uma calçada, igual às Praias de Ipanema e Leblon, de pedras portuguesas.

Esse desenho foi projetado pelo arquiteto e paisagista Renato Primavera Marinho em homenagem aos 400 anos da cidade do Rio de Janeiro.
Correndo com Personalidades Cariocas
O segundo roteiro finalista das pedras portuguesas é o Correndo com Personalidades Cariocas.
E aí a gente passa pelo calçadão famoso e também pela calçada em frente aos prédios.
Dá para ver bastante a obra de Burle Marx.


E se fizéssemos o roteiro original do Correndo com Personalidades Cariocas ainda teríamos o calçadão de Ipanema e do Leblon com seus padrões característicos.

Correndo para o Pão de Açúcar
O próximo roteiro em quantidade de calçadas de pedras portuguesas é o Correndo para o Pão de Açúcar.
Já largamos do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra pelas pedras portuguesas.
Não passamos, mas podemos observar pedras portuguesas nas passarelas do Parque do Flamengo.

Mais alguns quilômetros, atrás do restaurante famoso que tem ali, também entramos as pedras portuguesas.

Enseada de Botafogo, calçadas da Urca, Praça General Tibúrcio e Morro da Urca, todos com calçamento com pedras portuguesas.



Até no trajeto alternativo que fizemos por conta do fechamento da entrada da trilha do Morro da Urca havia pedras portuguesas. Isso porque fomos beirando a mureta da Urca.

Correndo na Ilha de Paquetá
Correndo em Paquetá também tem o trecho que fica próximo às barcas. Ele é decorado com peixes.
Correndo pelo Túnel do Tempo
Por fim, Correndo pelo Túnel do Tempo, por incrível que pareça, não têm nenhum trecho com calçadas de pedras portuguesas…
Ufa! O assunto rendeu, né? Bem que eu falei que o Rio é a cidade do mundo, fora de Portugal, com a maior extensão de calçadas de pedras portuguesas.
Você já tinha pensado sobre toda essa história que as calçadas de pedras portuguesas possuem? Além disso, tem mais alguma informação para complementar?
Então, conte aqui nos comentários.
Vou aguardar a sua mensagem, mas hoje eu fico por aqui.
Portanto, um super beijo e até a próxima.
Carolina
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Ademais, quer fazer algum dos roteiros mostrados aqui? Então, confira o Run and Walk Experiences Running Tours.