Olááá! Tudo bem? Hoje falaremos sobre o Bairro Imperial de Santa Cruz, um verdadeiro tesouro histórico que merece a visita.
Isso porque, com uma rica história e uma variedade de pontos de interesse, este bairro oferece uma experiência única para quem deseja mergulhar em uma história da cidade do Rio de Janeiro que nem sempre é conhecida por seus habitantes.
Portanto, neste artigo, vamos nos aventurar pelo Bairro Imperial de Santa Cruz e descobrir os segredos por trás de seu nome, seus pontos turísticos e seu charme peculiar.
O nome “Santa Cruz” tem suas raízes na história do Brasil colonial.
Isso porque durante a Expansão Marítima da Europa, que aconteceu entre os séculos XV e XVII, era comum o desbravador fincar uma cruz na terra em que chegasse.
A intenção era, de alguma forma, informar a quem viesse depois que “Deus já tinha dado essas terras a alguém”.
Quem recebeu as terras da região onde hoje é Santa Cruz foi Cristóvão Monteiro, um cavaleiro da Casa Real, em agradecimento por suas conquistas militares durante as batalhas de expulsão dos franceses da cidade.
Quando ele morreu, sua viúva, Marquesa Ferreira, doou as terras para os Jesuítas que as uniram a outras terras que já possuíam.
Lá, eles instalaram uma enorme cruz de madeira no local, batizando de Santa Cruz e começando um ciclo de extrema prosperidade na região.
Só para complementar: com a expulsão dos jesuítas em 1759, a Fazenda de Santa Cruz foi revertida à coroa portuguesa.
Ela ficou sob os cuidados dos vice-reis e se tornou um local de veraneio para a família real.
Com a proclamação da independência, o ciclo se repetiu com a família imperial.
Aliás, isso tem tudo a ver com nosso próximo assunto…
O primeiro bairro a ser considerado imperial do Rio de Janeiro é São Cristóvão.
Já Santa Cruz é o segundo Bairro Imperial do Rio de Janeiro.
A intenção de nomear esses locais como bairros imperiais é proteger e preservar os patrimônios e a história deixados durante o período imperial do Brasil.
São Cristóvão é tranquilo de imaginar o porquê do título.
Santa Cruz foi surpresa para muitos, mas lembra que eu disse que muitos habitantes do Rio não conheciam a história do local?
Só para dar um exemplo, Santa Cruz abrigou a primeira residência de veraneio da Família Imperial, antes de eles mudarem o destino das férias para Petrópolis.
Portanto, esses bairros abrigam muitas estruturas que foram deixadas pelo período imperial.
Interessante é que esses títulos foram dados em momentos importantes…
O primeiro Bairro Imperial foi reconhecido durante as comemorações pelos 200 anos da chegada da Família Real ao Brasil.
Já Santa Cruz, o título veio na comemoração pelos 200 anos da independência.
Santa Cruz é repleto de pontos de interesse que contam a história e a cultura da região.
A gente começa com a Fazenda de Santa Cruz…
A Fazenda de Santa Cruz teve um passado agrícola glorioso durante o período de administração dos jesuítas.
No entanto, como já dissemos, os jesuítas foram expulsos em 1759 e, com isso, a fazenda passou por um declínio durante a administração dos Vice-Reis.
A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil trouxe uma nova função para a fazenda: um palácio de verão, conhecido como Paço de Santa Cruz.
Com isso, uma nova era se instalou no local com a presença do Rei, sua Corte e ilustres visitantes.
Após a proclamação da independência, o local também passou a ser frequentado pelos imperadores D. Pedro l e D. Pedro II.
Além disso, foi o local da lua-de-mel de Dom Pedro I e Dona Leopoldina.
Com a Proclamação da República em 1889, a fazenda tornou-se Fazenda Nacional de Santa Cruz e o Paço de Santa Cruz passou a abrigar o Batalhão Escola de Engenharia Villagran Cabrita.
O Monumento em Homenagem à Força Expedicionária Brasileira (FEB) está localizado na praça em frente ao Batalhão Villagran Cabrita.
Portanto, ele é mais uma homenagem justa aos soldados brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial.
Inaugurado em 1881, por D. Pedro II, o matadouro foi criado para fornecer carne para a cidade do Rio de Janeiro.
Devido a importância dessa missão, muitos benefícios foram levados para o bairro…
Entre elas, temos o fato de o bairro ser o primeiro a receber um gerador de energia elétrica.
Ademais, a implantação do transporte ferroviário em 1879 auxiliou no escoamento das carnes para a cidade.
Afinal, era preciso distribuir as carnes para a cidade de maneira rápida…
Além de servir à distribuição de carne, o ramal se destinava também ao transporte de passageiros, mais uma maneira de agilizar a chegada ao Centro.
Duas vilas operárias nas proximidades do matadouro alojavam as famílias dos trabalhadores.
Visando ser a sede administrativa do matadouro, o Palacete do Matadouro teve sua inauguração por D.Pedro II em 1881.
Cinco anos depois, o segundo andar passou por adaptações para abrigar uma escola que funcionou até meados da década de 1970.
O nome dado foi Escola de Santa Isabel, em homenagem à princesa.
Após a Proclamação da República, o matadouro foi gradualmente perdendo suas funções.
Por isso, todo o palácio passou a ser escola.
Em 1984, o prédio teve seu tombamento como patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro, virou um Centro Cultural.
Atualmente, é o Palacete Princesa Isabel.
Se você deseja saber mais sobre o Palacete Princesa Isabel, o Viajar Correndo tem um artigo completo sobre ele. Então, confira em Palacete Princesa Isabel.
O Morro do Mirante é outro destaque de Santa Cruz, oferecendo vistas da região.
Foi ali que Debret retratou a sede da Fazenda de Santa Cruz publicada no seu livro Viagem Pitoresca Através do Brasil.
Enquanto o Brasil tinha os Vice-Reis, quem estivesse na função era proprietário de uma casa na antiga Fazenda da Coroa Portuguesa em Santa Cruz.
Com a chegada da Família Real em 1808, encerrou-se o governo pelos Vice-Reis.
O último Vice-Rei do Brasil foi Dom Marcos de Noronha e Brito, o oitavo Conde dos Arcos.
Como ele acabou ficando com a propriedade para si, a casa passou a ser conhecida como Casa do Conde dos Arcos.
Atualmente, o local está em ruínas.
Augusta Candiane era a cantora/atriz principal da Companhia Italiana de Ópera.
Veio para o Brasil para estrear uma ópera no Teatro São Pedro de Alcantara.
No entanto, se apaixonou pelo país e decidiu ficar por aqui.
Inclusive, passou a cantar modinhas, um gênero brasileiro não muito bem visto pela elite da época.
Acabou se divorciando (algo não muito comum para o período em que viveu), perdeu a guarda de sua filha e todos seus bens.
Ganhou de Dom Pedro II e Dona Thereza Cristina, padrinhos de sua filha, uma casa em Santa Cruz, onde morou até o fim de sua vida.
Até a expulsão dos jesuítas em 1759, a paróquia de Santa Cruz era em devoção a Santa Bárbara.
Com a chegada de D. João VI, grande devoto de Nossa Senhora da Conceição, houve o pedido de troca padroeira da Fazenda de Santa Cruz.
A paróquia de Santa Cruz funcionava até a proclamação da República na sede da Fazenda de Santa Cruz.
Atualmente, está na Praça Dom Romualdo.
A escolha do local foio por estar elevado e permitir uma boa visão do bairro.
Houve um primeiro templo, em estilo neogótico.
No entanto, foi derrubado nos anos de 1970 para a construção do atual templo.
Aliás, ele é tão grandioso que só fica atrás em tamanho da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro.
Quer saber mais sobre a Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro? Então, confira o artigo Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro.
Júlio Cesário de Melo era Pernambucano, mas veio para o Rio cursar Medicina.
Mesmo sendo convidado para trabalhar na Santa Casa de Misericórdia, decidiu que faria um trabalho mais útil na região de Santa Cruz.
Tornou-se Senador e melhorou as condições de vida da população local.
Viveu da política e não cobrava pela medicina em seu consultório.
A residência onde viveu abriga, atualmente, um espaço destinado a projetos sociais e educativos.
Símbolo de Paris, a Fonte Wallace foi construída em diversas partes da cidade a pedido do Sir Richard Wallace, um inglês.
A intenção era garantir que não faltasse água potável para os parisienses, apesar da cidade sitiada, durante a guerra Franco-Prussiana.
Após o término da Guerra, ele mandou presentear diversas nações com essas fontes.
O Brasil recebeu 3 exemplares de Fonte Wallace. Um deles foi instalado em frente ao Paço de Santa Cruz.
Posteriormente, o exemplar da Fonte Wallace de Santa foi transferido para a Praça Dom Romualdo, próximo à Igreja e à Casa do Senador Júlio Cesário de Mello.
Quer saber mais sobre as Fontes Wallace? Então, confira o artigo do Viajar correndo.
Local de residência do coronel da guarda nacional Horácio Lemos e sua família.
Está situado na Praça Marquês de Herval.
Após a morte do coronel, o casarão foi doado a uma irmandade de freiras e passou a ser um colégio interno para meninas órfãs.
Com o fim do colégio interno, e por ser uma doação, o local teria que ir para outra instituição.
Entretanto, isso não ocorreu e a construção ficou abandonada por um tempo.
Alguns anos depois, o Colégio Santa Cruz, que funcionava em um outro local, foi transferido para o palacete, funcionando ali por mais alguns anos.
Mais um palacete do Bairro Imperial de Santa Cruz…
O Solar dos Araújos foi construído em 1895 e, atualmente, é tombado pelo município do Rio de Janeiro.
Além de todos esses pontos de interesse, o Bairro Imperial de Santa Cruz possui diversos marcos históricos, que remontam aos tempos coloniais.
São marcos que atestam a importância do local como Fazenda Nacional ou que determinavam as fronteiras da Fazenda de Santa Cruz.
Além disso, o Marco Imperial XI, bem no centro do bairro, mostra que Santa Cruz estava a 11 léguas da região central.
Isso era importante, porque os membros da Coroa poderiam se afastar até 12 léguas da região central.
Funcionava onde hoje é o Fórum de Santa Cruz.
Foi a terceira escola mista do Brasil (a primeira foi em 1874, em Vassouras, e a segunda, em 1882, em São Cristóvão).
Os alunos eram filhos libertos de escravos e, além das disciplinas básicas dos currículos escolares, eles também tinham cursos profissionalizantes.
Em 1934, uma empresa da Alemanha ganhou a concessão para uma rota de dirigíveis que operava entre Frankfurt e o Rio de Janeiro.
E o hangar da parte brasileira passou a funcionar, dois anos depois, no Aeroporto Bartolomeu de Gusmão, situado em Santa Cruz.
Houve nove viagens entre as duas cidades: quatro do dirigível Hindenburg e cinco do dirigível Graf Zeppelin.
Com o encerramento dessa modalidade da aviação, por graves problemas de segurança, em 1937, o hangar encerrou suas atividades.
Três anos depois, passou a integrar a Base Aérea de Santa Cruz.
Em 1998, recebeu tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Eu disse que o Bairro Imperial de Santa Cruz guarda muitos patrimônios de intenso interesse, né?
Você já conheceu algum deles? Já teve a oportunidade de visitar?
Além disso, tem mais alguma informação para complementar?
Então, escreva nos comentários.
Eu vou aguardar a sua mensagem, mas hoje vou ficar por aqui!
Portanto, um super beijo e até a próxima,
Carolina
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