Olááá. Tudo bem? Hoje venho falar sobre a corrida P4 Ultra Expedition Race (P4 UER) que participei no domingo passado.
Além de completar os 60 km, ainda fiquei em 3º lugar geral.
Ahn???? Isso mesmo que você leu…
Uma surpresa alucinada! Vamos lá?
Na verdade, tudo nessa prova foi surpreendente. Já começou com a minha decisão de participar.
Afinal, não queria mais provas longas.
Eu gosto de corrê-las, mas não tenho muito tempo para o treino.
Em seguida, veio a possibilidade de mudança de data.
Ainda bem que a maioria concordou em manter o dia inicial (11 de setembro).
A outra surpresa foi o treinamento.
Tipo aquele poema de Carlos Drummond de Andrade.
No entanto, no meio do caminho não tinha uma pedra, mas sim uma viagem ao Canadá.
E mesmo com todas essas loucuras, consegui completar…
Entrega do Kit da P4 UER
Como a P4 Ultra Expedition Race foi realizada no domingo, não precisamos viajar na sexta, o que foi bom.
A entrega do kit aconteceu em uma loja esportiva próxima ao local da largada, no sábado.
Ele foi composto por uma ecobag, uma camiseta e número de peito.
Otávio aproveitou a lojinha e comprou uma mochila de hidratação.
Muito chique esse menino… Eu, como sempre, não comprei nada, he he he he…
Não houve congresso técnico para essa prova.
Eu achei estranho, mas depois Otávio me mostrou um e-mail que ele havia recebido (e eu não, que estranho) que explicava tudo sobre ela.
Dia da P4 Ultra Expedition Race
Antes da largada (que foi pontual às 7 horas), cantamos o Hino Nacional.
Na Ultra dos Anjos teve o Hino também.
Acho que as provas dessa organizadora sempre têm o Hino Nacional.
Eu gosto disso. Naquele momento a “ficha caiu” de que eu teria 60 km pela frente…
É claro que dei “uma choradinha” básica!
Largamos… Fui com Otávio em um ritmo confortável até nos separarmos no km 2,6.
Ele seguiu para os 15 km e lá fui eu para os 60 km…
Subidas da P4 Ultra Expedition Race
Logo a subida começou.
Eu via as pessoas subindo correndo, mas entrei no “modo caminhada forte”.
À medida que ia dificultando, resolvi pegar meus bastões.
Nunca tinha usado esses recursos em uma corrida, mas vou dizer que foram essenciais.
O que eu gostei MUITO da P4 UER foi o fato de a organização disponibilizar um arquivo GPX do trajeto.
Também havia o mapa da altimetria.
Assim… Vou confessar uma coisa feia: eu nunca tinha parado para olhar essas coisas em outras provas.
No entanto, devido ao fato de serem 60 km, tanto olhei como ainda levei impresso e como arquivo no celular.
Foi ótimo, pois uma hora me senti muito perdida.
Simplesmente, olhei no celular e soube para onde seguir.
Além disso, o mapa de altimetria bateu certinho.
Enquanto eu estava nas subidas loucas, foi perfeito!
Afinal, eu já sabia até quanto teria que subir e pude controlar o ritmo.
Foram quase 11 km de subida.
Passou uma pick-up por mim em algum momento (depois eu descobri quem era a pessoa) e ela perguntou se estava tudo bem.
Disse que sim e ela seguiu…
Sozinha pelo caminho…
Depois de um tempo, comecei a ver as pessoas que estavam na minha frente simplesmente desaparecerem e ninguém atrás de mim.
Aí já viu, né? O medo começou a se manifestar.
Ouvia o canto dos pássaros e ficava imaginando se eram mesmo pássaros ou alguém na mata.
Comecei a subir mais forte para ver se achava algum corredor. Até que vi um casal.
Ufa! Não precisava ficar lado a lado com eles, mas só fato de saber que havia alguém ali me tranquilizava.
Depois, encontrei mais um cara e fomos mais ou menos próximos.
Mais uma surpresa na P4 UER…
Quando a subida acabou, todos desceram iguais ao vento.
Eu fui mais conservadora até chegar ao primeiro posto de hidratação no km 15.
O staff foi ótimo e ofereceu Gatorade e água.
Bebi tudo e, como estava com fome, mesmo sendo 9 h da manhã, resolvi abrir minha salada de atum.
Fui andando, comendo e pensando:
“Deus, se eu levei 2h15 para fazer 15 km, não vai dar tempo de completar a P4 UER no tempo.
Ainda vem um monte de subidas.
Acho que vou desistir”.
Bom, quem me conhece sabe que não desisto das coisas assim tão fácil, mas estava realmente preocupada.
Nisso, decidi olhar o mapa da altimetria.
Quando peguei o papel, notei que havia imprimido o mapa em uma folha de rascunho.
Eu simplesmente pego o papel virado e ponho na impressora sem saber o que tem atrás.
Para minha surpresa (mais uma), era uma prova de algum colega da escola que tinha sobrado.
Quando peguei, ela estava dobrada de uma forma que aparecia a mensagem que a professora havia colocado para os alunos:
Naquele momento, compreendi que tinha que seguir, não importando as circunstâncias.
E que iria chegar ao final, nem que fosse com 12 horas de prova (o tempo máximo).
Aquilo me deu forças e voltei a correr. Fui assim até o próximo posto, no km 23.
Parei para terminar minha salada de atum com batatinhas.
Aproveitei para repor a água na mochila e beber Gatorade.
A menina do staff também foi excelente.
Na verdade, só em um posto tive informação desencontrada.
Em todos os outros, as pessoas estavam super instruídas e sabiam dar as informações pedidas.
Isso é algo bem raro…
Mais subida
Voltamos a subir… Nada muito grave nesse momento, só a inclinação, he he he.
Encontrei algumas pessoas nesse trecho.
Então, não tive medo. Ufa!
Quando estava no km 30, havia dois corredores próximos.
Um deles comemorou e eu pensei: deve ser o posto de hidratação chegando (sempre pensando em comida)…
Como não vi nenhum sinal disso, perguntei o motivo da comemoração.
Afinal, eu sempre tenho que interagir, se não, não é Carolina, ha ha ha… Ele disse:
“chegamos à metade”.
Verdade. Eu estava com tanta fome que nem havia me ligado!
Desci bem rápido, porque queria chegar ao próximo posto e parar para comer.
As staffs foram ótimas (mais uma vez).
Sentei, abri minha outra salada de atum com batatinhas e lá fiquei.
Os corredores foram chegando e conversando.
Eu ainda fiquei para terminar de comer.
Aliás, essa parada foi TUDO na minha vida! Consegui repor o cansaço e obter forças para continuar.
Drama com a moto
Mais uma subida.
Essa não era MUITO forte, mas um sol de quase uma hora da tarde e algumas horas correndo não ajudam muito, né?
Subi com meus bastões e, depois de um tempo, a descida chegou.
Eu já estava cansada e aproveitava as ladeiras para compensar o tempo perdido.
Tanto que fui ultrapassando algumas pessoas.
Depois de um tempo, me vi novamente sozinha.
Gente… Detesto.
Estava caminhando na reta quando ouvi o barulho de uma moto.
Quando olhei bem, vi que era uma moto com quatro caras nela.
Isso mesmo…
Havia quatro homens na moto (e eu nem estava tendo alucinações ainda).
Eles passaram e, de repente, a moto parou.
Bom, nem preciso dizer que gelei, né?
Na mesma hora voltei a correr. Eu não tinha forças, mas falei:
“Deus, não me deixa aqui não, porque nem forças para enfiar o bastão nessas pessoas eu tenho”.
Corri até ouvir o barulho da moto novamente.
Penso que, talvez por estar muito pesada, ela não tenha conseguido subir e parou.
No entanto, eu não queria pagar para ver e fiz o máximo que aguentei para me afastar o mais rápido possível dali…
Mais um posto de hidratação no km 39 e mais uma subida para alegrar o dia.
Resolvi mandar uma mensagem para minha mãe e para Otávio avisando mais ou menos onde estava.
Assim, quem sabe, eles me mandavam forças para conseguir.
Começaram a aparecer algumas porteiras e eu fiquei na dúvida se era ou não para passar.
Como as setas indicavam isso mesmo, fui.
Depois de mais alguns quilômetros, cheguei a um vilarejo.
Tentava correr, mas estava realmente estafada pelo Sol.
Fui andando até o posto de hidratação no km 43.
A menina foi muito simpática, perguntou se eu estava bem e avisou que o próximo posto de hidratação seria na Pousada do Verde, a uns 10 km dali.
Alucinações na P4 UER
Uma nova subida em meu caminho.
Estava realmente sozinha e comecei a pensar sobre as pessoas que decidem fazer o Caminho de Santiago de Compostela.
Ali compreendi um pouco a questão da mudança de vida e dos valores que elas relatam quando retornam do Caminho.
Mesmo esse trecho sendo sombreado, acho que o Sol me deixou desidratada.
Eu ia subindo e tinha impressão de que havia visto alguma coisa, um bicho, uma pessoa.
Quando olhava de novo, tal coisa/bicho/pessoa não estava mais lá.
Decidi subir mais rápido, para não ficar doidinha por ali, he he he he.
No topo máximo da subida, uma nova porteira.
Quando abri, vi um corredor que havia encontrado no posto do km 31.
Agradeci a Deus e desci correndo para encontrá-lo.
Fomos correndo pelas descidas, até que ele parou para pedir água em uma casa.
Eu não tinha mais água para dar para ele, mas não quis parar para repor a minha também.
Se parasse, não sei se teria forças para chegar.
Último posto de hidratação da P4 UER
Continuei mais uma vez sozinha.
No entanto, comecei a reconhecer o local.
Já havia treinado ali uma vez com Luiz e Jacqueline.
Então, eu sabia que ainda teria um subidão antes de chegar à Pousada do Verde.
Fui agraciada por uma paisagem com ipês amarelos.
Depois de muitos quilômetros, eu decidi registrar aquilo em uma foto (nem tirar a máquina eu queria, para não cansar mais).
Essa paisagem valia MUITO a pena e eu aproveitaria para descansar…
No tal subidão, vi uma coruja.
Ela ficou olhando para mim fixamente até sair piando em seu voo.
Eu continuei a “escalada” com meus super bastões até conseguir me jogar na descida.
E assim fui buscando o último posto de hidratação.
Quando vi a tenda, comecei a chorar.
A menina do posto veio em minha direção dizendo:
“Parabéns, você é a terceira mulher da prova”.
Quê? Terceira? Eu só queria sentar e beber água.
Quando ela percebeu que eu chorava, ficou toda preocupada perguntando se eu estava bem.
Havia também um homem e outra menina.
Todos MUITO solícitos. Deram frutas (o mamão estava gelado!!!!), água, Gatorade…
Enquanto descansava, uma delas foi lá na pousada buscar um guaraná para mim.
Nossa, MUITO obrigada! No entanto, eu estava bastante enjoada.
Achei melhor não beber e seguir…
Mais na frente, encontrei uma pick-up prateada. Era a mesma pessoa que havia conversado comigo na primeira subida, há várias horas, he he he he. Ela gritou:
“Parabéns, você está em segundo”.
Eu não tinha forças para dizer que era terceiro, mas muito obrigada pela motivação e pelas fotos, he he he he…
Chegando ao final da P4 UER…
O final da caminhada (porque foi caminhando que cheguei ao Centro de Passa Quatro) foi beirando a linha do trem e a estrada.
Já não havia mais medição do tempo e da quilometragem, porque a bateria do Garmin havia acabado no km 58 da P4 Ultra Expedition Race.
Eu tinha levado um carregador muito bom que comprei. No entanto, não adiantava, pois o Garmin não marca enquanto carrega.
Bom, não importava esse registro. Eu estava chegando e sabia que estava dentro do tempo!
Isso para mim estava sendo fenomenal.
E sem filmar e sem fotografar, completei os 60 km da P4 UER em 9h52m.
Otávio estava lá me esperando.
Mesmo suja e destruída, ele me abraçou e aquilo foi uma parada energizante!
Realmente, foi confirmado que fui a 3ª colocada (eu ainda não estava acreditando muito naquilo não).
Por isso, fui correndo tomar banho para voltar para a premiação.
Afinal, não é todo dia que se fica em terceiro lugar, ainda mais em uma prova de 60 km, né?
Então, tem que ser um momento apresentável, he he he…
Premiação da P4 Ultra Expedition Race
Foi uma experiência diferente. Eu acho que estava bem desidratada, pois não chorei (ou será que, finalmente, evoluí?).
Parabéns a todas as meninas que compuseram o pódio.
Na verdade, parabéns a todos os corredores que terminaram a P4 Ultra Expediton Race, à organização e aos staffs que foram excelentes.
Obrigada a Deus, por ter me ouvido tanto nessa prova (e por tanto tempo, né? Quase dez horas), a meus treinadores Jacqueline e Luiz, a minha família pelas energias positivas (viu como foi bom mandar mensagem no meio do caminho?) e a Otávio, pela companhia e amor de sempre.
Nem pude comemorar muito e descansar, porque resolvemos voltar no domingo mesmo.
Seria na segunda-feira, mas Otávio teria uma audiência.
Imagina se acontece algo e a gente não chega a tempo?
Então, Via Dutra foi nossa parceira à noite (só tive um pouco de cãibra no pé na descida da Serra das Araras, mas o freio motor me ajudou, he he he).
Finalizando…
Hoje eu escrevi demais, né?
Ahhh, mas também foram MUITOS quilômetros, he he he…
Você já participou da P4 UER? Além disso, tem mais alguma informação para complementar?
Então, escreva nos comentários.
Portanto, hoje fico por aqui.
Um super beijo e até a próxima.
Carolina
Prefere assistir a ler? Então, confira o vídeo sobre a P4 Ultra Expeditiona Race em
Para ver como foi a viagem ao Canadá e as corridas que participei por lá é só conferir Canadá: índice de todos os artigos.
Quer saber mais sobre o uso de bastões em corridas? Então, confira o artigo: Uso de bastões em corridas
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